CIBERCULTURA
Claudia Silva do Nascimento Cunha
Maria da Glória Amorim
Maria da Glória Amorim
A
Cibercultura tem uma dinâmica baseada no digital, no hipertexto, e é claramente
organizada em torno das práticas reconfigurantes onde a rede é reformulada
pelos grupos e por suas culturas, e prolifera a partir da expansão e nascimento
de uma nova estrutura de sociabilidade atual. É a cultura contemporânea,
originária do fenômeno tecnológico dos últimos tempos e tem, como mediadores
estruturais, o uso das tecnologias digitais em redes. É o hábito da leitura e
escrita ampla no mundo virtual, reconfigurada num ambiente rico que possibilita
a concretização do pensamento, tornando possível a criação e recriação do
próprio espaço social.
Esse espaço social virtual, chamado de
cirberespaço, é uma rede de comunicação global e surge da interconexão mundial
dos computadores, possibilitando o autoaprendizado, facilitando a
interatividade e estimulando a troca de informações e saberes, mas isso não
significa a garantia que o aprendizado será bem sucedido.
O crescimento do ciberespaço é dado pela interconexão,
pela criação de comunidades virtuais e pela inteligência coletiva. A
interconexão é um princípio básico do ciberespaço e as comunidades virtuais
“são construídas sobre afinidades de interesses, de conhecimentos, sobre
projetos, em um processo mútuo de cooperação e troca” (LÉVY, 1999, p.127).
Pierry Lévy (2007, p. 92) define ciberespaço como
“espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das
memórias dos computadores”. Daí a importância da mediação do conhecimento a ser
construído através das estratégicas pedagógicas e metodologias de ensino bem
aplicadas.
De acordo com Nussbaumer (2010), a comunicação no
ciberespaço, apesar da novidade tecnológica do meio, vale-se da técnica da
escrita. Uma escrita que “possibilita que os indivíduos se expressem,
sociabilizem-se, conheçam-se e, mesmo, se constituam como sujeitos”.
A construção da identidade de um indivíduo se dá a partir dos fatores intrapessoais caracterizados por sua personalidade, fatores interpessoais caracterizados através das identificações com outras pessoas e os fatores culturais caracterizados pelos valores sociais do meio em que convive. E, como nos afirma Nussbaumer (2010):
A construção da identidade de um indivíduo se dá a partir dos fatores intrapessoais caracterizados por sua personalidade, fatores interpessoais caracterizados através das identificações com outras pessoas e os fatores culturais caracterizados pelos valores sociais do meio em que convive. E, como nos afirma Nussbaumer (2010):
Se a vivência no ciberespaço
conduz a novas formas de socialidade e experiências identitárias, elas parecem
se originar em motivações provenientes mais de uma lógica contemporânea fundada
na identificação do que de uma lógica fundada na identidade que caracteriza a
sociedade moderna, tal como caracterizaram, por exemplo, Stuart Hall (2003) ou
Anthony Giddens (2002). A comunicação na rede favorece a emergência de um
processo de sociabilidade no qual os indivíduos constroem suas identidades a
partir da experiência com diferentes formas de interação.
Participar da cibercultura é partilhar e compartilhar informações, sejam em redes sociais, entre amigos ou em redes profissionais, adequando a cultura ao mundo virtual e não a transformando em digital e esse fenômeno fica evidente no contexto educacional, pois esse ambiente escolar é o que mais se aproxima do universo cibercultural. É onde estão os praticantes que, em geral, fazem uso das tecnologias, além dos espaços formais de aprendizagem. Tal fenômeno supracitado, provocou mudanças fundamentais na Educação, inclusive na modalidade à distância, onde a mesma deixou de acontecer por meio das mídias de massa, como o rádio e a TV e passou a ser adotado os AVAs (Ambientes Virtuais de Aprendizagem), assim como as demais tecnologias em redes, a saber, a internet, as redes sociais e as transmissões via tele ou videoconferência. De forma geral, foi necessário repensar o currículo, levando-se em consideração as ações pedagógicas, pois nesse momento, o professor se depara com um novo desafio: propiciar a colaboração e a cooperação entre seus alunos.
Por meio da colaboração, dois ou mais indivíduos,
num processo de interação, cria um conhecimento novo, compartilhado e que
somente dessa forma, seria possível de acontecer. Outras mudanças notáveis
dizem respeito aos novos tipos de leitores cibernéticos e, nesse momento, a
escola se depara com uma clientela totalmente digitalizada e culturalmente
midiática, cujas mentes acompanham a evolução tecnológica. Alunos que não
combinam com antigas metodologias, onde somente o professor era o detentor do
conhecimento e o aluno um mero receptor. Indivíduos em conexão com a "nuvem”.
Agora, a importância do uso das tecnologias na
escola passa a ser cada vez mais inegável, provocando desafios para os
professores que ainda não se encontram preparados para lidar com todo esse
aparato tecnológico. E mais, com o dilúvio de informações, essa nova clientela
precisa de direcionamento ao fazer uso das mídias. Pierre Lévy (1999) deixa bem
claro que o crescimento do ciberespaço não determina automaticamente o
desenvolvimento da inteligência coletiva, apenas fornece a esta inteligência um
ambiente propício. Daí, a importância fundamental do professor no processo de
construção da aprendizagem, influenciando na maneira de pensar, para o
despertar consciente do aluno na busca pelo saber. E mais, para (CORTEZ, 2003),
uma pessoa sem instrução, dificilmente conseguirá lidar com tanta informação,
pois nem todas são positivas e tudo precisa ser bem direcionado.
Em linhas gerais, estamos diante de um novo cenário
no ambiente escolar: laboratório de informática, quadro digital, multimídias, e
isso implica o incentivo aos professores para o comprometimento em atender as
exigências da sociedade cibercultural. A escola da atualidade tem o papel de
buscar a competência, oportunizando o desenvolvimento criativo, a aceitação dos
valores, a noção de responsabilidade e o alcance da sabedoria. Ou seja, ter uma
visão holística do processo educativo cada vez mais conectado com o mundo
globalizado digital, objetivando a produção do conhecimento.
REFERÊNCIAS
CORTEZ, Isabel Alarcão. Professores Reflexivos em uma
Escola Reflexiva. 2003. Disponível em:
<http://professoraltairdopsol.blogspot.com.br/2009/12/professores-reflexivos-em-uma-escola.html>.
Acesso: 29/07/2015
NUSSBAUMER, Gisele Marchiori. Cibercultura, sociabilidade e
subjetivação. 2010. Disponível em:
<http://oolhodahistoria.org/n14/artigos/gisele.pdf>. Acesso: 31/07/2015
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
____. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 2007. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=7L29Np0d2YcC??&printsec=frontcover&hl=pt-br&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false>.
Acesso: 29/07/2015
NOBRE. Isaura Alcina Martins [et
al]. Informática na educação: um caminho de possibilidades e desafios.
Serra, ES: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito
Santo, 2011.
TEIXEIRA, Marcelo Mendonça. A
cibercultura na educação. Disponível em: <
https://www.grupoa.com.br/revista-patio/artigo/9258/a-cibercultura-na-educacao.aspx.>.
Acesso: 29/07/2015
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